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Música 10

PAI MANÉ

Congada de Justinópolis/ Ribeirão das Neves, Minas Gerais.

 

Cantada pelo coral “Vozes de Campanhã”, formado por mulheres quilombolas da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, de Justinópolis, bairro de Ribeirão das Neves que fica na grande Belo Horizonte.

A Congada é uma manifestação cultural religiosa que envolve o canto, a dança, teatro e espiritualidade, criada por negros africanos no Brasil, como forma de continuar cultuando seus orixás, mas que para isso tiveram que adaptar e encontrar elementos da cultura e da religiosidade cristã, num sincretismo religioso, permitindo a aceitação deste ritual pela Igreja católica.  Um manifestação de fé onde, batendo as caixas, os participantes cantam e dançam em louvor e agradecimento a Nossa Senhora do Rosário ou São Benedito, e também, muitas vezes lamentando o que passaram nos cativeiros.

Essa irmandade, fundada em 1919, mantêm-se como pilar de um catolicismo afro-brasileiro, com suas louvações, tambores e dança, constituindo uma matriz identitária de importância fundamental para a população afrodescendente e tendo sido um meio de sociabilização dos africanos e seus descendentes. As irmandades de negros se organizavam de maneira a abrigar africanos de uma mesma etnia, em sua grande maioria pertencentes ao ramo banto.

Além disso, as irmandades constituem um papel cultural importantíssimo, permitindo a organização e adaptação de elementos da cultura tradicional, trazida com os escravizados, revivendo, no caso das congadas, a coroação de reis e rainhas, denominados Reis Congos, e também a reverência aos ancestrais africanos espiritualizados, como os preto velhos. Esse ritual, de coroação dos Reis Negros, possibilitou a reconstrução simbólica com sua memória ancestral e com formas de organização social que haviam se perdido. Os reis coroados adquiriam a função de liderança dentro da comunidade.

 (Referência de texto: Projeto Kizoomba)

 

Renata Mattar é responsável pela pesquisa de repertório.

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