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Música 7

PEGUEI UM PEIXE

Aprendi essa música com um grupo de Destaladeiras de Fumo da Vila Fernandes, zona rural de Arapiraca, cidade do Agreste Alagoano. Região de forte cultura do plantio do fumo para o comércio de fumo de rolo.

 

Lá, até meados da década de 1960, era comum o canto acompanhar os trabalhos no período de tirar os talos das folhas de fumo, por isso essas mulheres são chamadas de “destaladeiras de fumo”.

 

As mulheres se reuniam nos salões das fazendas para realizar esse trabalho, que durava muitas vezes a noite inteira. Nesses encontros a comunidade toda se reunia em volta do grupo que cantava para assistir e admirar, tamanha a beleza daquelas melodias e vozes. Surgiam versos improvisados trazendo assuntos cotidianos, divulgando notícias, falando de amor, versos cômicos que faziam o povo se animar muito e isso tudo fazia com que o trabalho acontecesse sem que ninguém sentisse o peso da lida.

 

Como a cultura do fumo se fortaleceu muito e foi surgindo enorme demanda por mão de obra, foram vindo trabalhadores de todo o nordeste para morar e trabalhar nessa região e com isso vieram cantigas diversas, tanto de regiões litorâneas como do sertão, e isso foi aos poucos formando um repertório muito rico e diverso, com diferentes origens, que até hoje é lembrado pelo povo da região.

 

Receberam muita influência cultural do povo indígena Cariri Xocó. Podemos encontrar na aldeia próxima, em Porto Real do Colégio, músicas que são cantadas quase com a mesma melodia e letra, tendo pequenas declinações melódicas e linguísticas. Como é o caso da cantiga Peguei um peixe.

 

O grupo que cantou esse canto para mim em 1999 era formado por: Rosália Gomes dos Santos, Maria Oliva da Conceição, Joséfa Correia de Lima, Maria do Socorro Porfírio Silva, Izabel Cipriano dos Santos, Rosinalva Farias dos Santos, Iraci Pereira dos Santos e Maria Pereira dos Santos (trabalhadoras rurais/cantoras).

Renata Mattar é responsável pela pesquisa de repertório.

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