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Repertório #03

Em breve.

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fundo imitando papel rasgado verde claro
desenho de um olho com círculo amarelo no centro
Folha verde

SOBRE A PESQUISA:

 

Venho realizando, desde 1999, pesquisa de repertório das tradições populares brasileiras, tendo como foco principal os Cantos de Trabalho. Visito comunidades que trazem essas memórias, dos tempos onde a música era companheira da lida, ajudando a sincronizar as tarefas, mantendo os trabalhadores conectados com a ancestralidade através de melodias e versos que foram passados por gerações e principalmente reforçando o sentido humano do trabalho coletivo, onde a comunidade se reconhece como força solidária e resistência cultural.

 

Essa tradição está desaparecendo por inúmeros fatores, principalmente pela mudança nos modos de vida rural com a chegada da tecnologia. É inevitável que o trabalho braçal seja substituído pelas máquinas e a mudança traga benefícios, mas também consequências como a perda da identidade cultural.

 

Tenho tido grande surpresa em encontrar pelo Brasil rural um repertório belíssimo, guardado na memória desses trabalhadores que não cantam mais ou de poucos que ainda teimam em cantar trabalhando.

 

Esse repertório, que pode desaparecer, é de grande importância para nossa história, já que traz inúmeros temas relacionados aos fazeres mais antigos, passando conhecimentos, trazendo importantes traços das nossas matrizes culturais; tanto na poética usada, quanto nos modos melódicos e na transmissão de sistemas antigos de trabalho em mutirão.

SOBRE A PESQUISA DO REPERTÓRIO PARA A ORQUESTRA BRASILEIRA DE CANTORES CEGOS:

 

Para escolha desse repertório optei por alguns cantos de trabalho que eu já havia registrado em andanças anteriores, mas também achei que seria importante a realização de uma nova pesquisa que contemplasse outros estados brasileiros e também que trouxesse uma identidade única para o espetáculo.

 

Neste período de pesquisa foram realizados encontros com povos indígenas Mehinako do Alto Xingú, Mato Grosso, que residem em São Paulo, para aprendizado de cantigas das mulheres da aldeia.

 

Vivência online com o professor indígena Urutau Guajajara, cacique da aldeia Maraka’nã, residentes no Rio de Janeiro.

 

Viagem para o Espírito Santo, com a arranjadora das cantigas, Tarita de Souza, para uma maior aproximação da cultura popular capixaba. Lá aconteceram encontros importantes com o mestre de Congo Daniel, mestra Beatriz e mestre Vitalino, da banda de Congo Mestre Honório, na Barra do Jucú. Em Vitória, conhecemos o mestre Valdemiro Sales e Jamilda Bento, da banda de Congo Panela de Barro, que nos apresentaram um extenso repertório registrado por eles.

 

Também tivemos encontros lindos na região de Aracruz, onde visitamos a Aldeia Boa Esperança para conhecer a liderança indígena Tupiniquim-Pataxó, Marilda Kapuana Apoena, que significa Guerreira que enxerga longe. Embora rápido, esse encontro foi muito inspirador, importante e forte (quem nos levou até ela foi Hildete Caliman, líder comunitária da região que trabalha com o artesanato de mulheres no projeto Criarte).

 

Continuando a pesquisa em São Paulo, segui revisitando minhas gravações e visitando sempre trabalhos fundamentais, como a Missão de Pesquisas Folclóricas, de Mario de Andrade e equipe; a pesquisa realizada nas décadas de 1950,60 pela professora Maria Penedo no Espirito Santo; o trabalho da historiadora Marise Barbosa, com a comunidade quilombola Kalunga, de Cavalcante, Goiás. Também tive como referência para esse trabalho, gravações de comunidades de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha e cantigas da mesma região recolhidas por Frei Chico e Maria Lira.

 

Todas essas pesquisas se somaram à minha na escolha do repertório, um período intenso de mergulho nesse Brasil, com a difícil missão de selecionar 15 cantigas para o espetáculo.

Para mim, essas 15 cantigas eleitas fazem parte de um universo comum. Elas falam muito sobre a natureza, trazem o tema do trabalho na terra e dos trabalhos nas águas dos mares e dos rios. Falam sobre ciclos da vida; são cantos de embalar, de brincar, de amor, de pedintes, de chegadas e despedidas, de saudade e do sagrado.

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A 1ª edição da Orquestra Brasileira de Cantores Cegos contou com o apoio cultural do Grupo Energisa e o patrocínio da ES Gás com recursos da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba LICC. A 2a edição contou com o patrocínio da Rede Itaú, Perfil Alumínio do Brasil e Decolores com recursos da Lei Rouanet.

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