
Música 3
OU-LÊ-LÊ LE
PENERÔ BALÃO E MARÉ TÁ CHEIA (a primeira é uma cantiga da Roda Pisada de Serra Preta/Bahia e a segunda um canto de trabalho das cantadeiras do Sisal de Valente/ Bahia. As duas foram registradas por Renata Mattar)
Aprendi PENERÔ BALÃO na comunidade da Carocha, zona rural da cidade de Serra Preta, Bahia. Nesta região podemos encontrar a tradição da RODA PISADA, realizada principalmente pelas mulheres dos povoados em datas combinadas por elas, muitas vezes de surpresa para o dono ou dona da casa, assim chamada de Roda roubada.
Nessas rodas, são entoadas cantigas responsoriais, onde uma dupla inicia a primeira parte da música cantando a duas vozes e o grupo responde a segunda parte da cantiga em coro. Os participantes giram de braços entrelaçados por horas e o canto é acompanhada por ritmos feitos pelos pés de quem está na roda. Os temas dessas cantigas são bem diversos, falando de amor, da vida na comunidade e também, muitas vezes, dos trabalhos realizados durante o dia. Uma tradição que se encontra bem viva em toda região e envolve de forma festiva muitas famílias, sendo um importante meio de manter fortes os laços comunitários.
A MARÉ TÁ CHEIA é cantada pelas Cantadeiras do Sisal, mulheres artesãs, de Tanquinho, comunidade rural da cidade de Valente, Bahia. Nessa região, conhecida como sisaleira, os cantos de trabalho ainda hoje acompanham a realização dos artesanatos feitos das fibras do sisal e do caroá. Ofício que sustenta inúmeras famílias de toda região.
O grupo, que me ensinou essa cantiga, é formado por Izabel, Alda, Ivamarcia, Carminha, Marisvalda e Cássia, todas elas cantadeiras e artesãs que vivem da produção de bolsas, chapéus, tapetes, colares, etc. Mulheres de fibra, como são conhecidas, que além de manterem vivo o conhecimento do artesanato tradicional de origem indígena, também preservam e dão continuidade ao saber musical que veio dos antepassados.
Renata Mattar é responsável pela pesquisa de repertório.